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É comprovada a eficácia da vacina do Butantan contra dengue e deve ser enviada à Anvisa neste ano
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O Instituto Butantã desenvolve o imunizante de dose única há mais de 10 anos. A eficácia é quase igual a encontrada nos ensaios clínicos da vacina do laboratório japonês Takeda que o SUS vai aplicar neste ano, em duas doses.
- Por Camilla Ribeiro
- 01/02/2024 16h48 - Atualizado há 8 meses
O Instituto Butantan está próximo de produzir a vacina contra a dengue alcançando um marco importante em seu desenvolvimento.
A expectativa é de que os dados que atestam a eficácia da vacina sejam enviados para aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) neste ano e que a aplicação das primeiras doses ocorra ainda em 2025.
O surgimento de uma nova vacina contra a doença tem muita importância no ano em que o aquecimento global e o El Niño contribuem para um novo surto da doença no país.
O novo imunizante também pode ampliar o atendimento da população, que não será totalmente imunizada neste ano porque foi produzidas poucas doses da vacina pelo laboratório japonês Takeda.
Estudo em conclusão
De acordo com o infectologista Esper Kallás, diretor do Butantan e primeiro autor do estudo que confirmou a rigorosidade e a qualidade das pesquisas e estudos feitos por pesquisadores de 16 centros brasileiros
O instituto está concluindo os cinco anos de acompanhamento dos voluntários, e logo depois será possível determinar a longevidade da proteção induzida pela vacina.
“Se tudo correr bem, devemos conseguir a aprovação definitiva em 2025. Já temos infraestrutura para produzir o imunizante no Butantan, embora ela ainda possa ser aprimorada, afinal, são quatro vacinas em uma”, disse à Agência Fapesp.
Kallás disse também que o grupo pretende apresentar um relatório à Anvisa no segundo semestre deste ano, visando obter o registro do imunizante.
Nesta quarta-feira (31), o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), estabeleceu um prazo para a conclusão dos trabalhos de desenvolvimento da vacina: o mês de setembro de 2024.
"E a gente está tentando antecipar esse cronograma. Vamos apresentar à Anvisa de maneira que no ano que vem a gente possa fabricar e fornecer", anunciou o governador.
A vacina contra a dengue do Butantan tem eficácia de 79,6%, bastante semelhante à Qdenga, com 80,2%.
Com aplicação em dose única ela oferece, por exemplo, proteção rápida, sendo útil para viajantes e em casos de surtos, como o que estamos vivenciando agora.
Dessa forma, uma única dose evita a necessidade de doses adicionais, simplificando a logística e aumentando a adesão à vacinação.
Os pesquisadores não sabem se quem tomou a vacina da Takeda poderá receber a do Butantan posteriormente.
"A gente precisa gerar mais informações e é possível que a gente tenha que fazer um estudo algum dia sobre combinações de vacina", disse Kallás.
Como ocorre a produção?
Na produção da vacina, os vírus atenuados são cultivados em células derivadas de uma espécie de macaco. Em seguida, o material é purificado, formulado e liofilizado (transformando-o em pó).
Durante a aplicação da vacina um diluente então é preparado para ser adicionado ao pó, essa tecnologia criada pelos pesquisadores do Butantan facilita a distribuição do imunizante.